quinta-feira, março 30, 2006

Lisboa again...

E esta noite lá vou eu mais uma vez à capital mergulhar num caos de gente, carros, luzes, vozes e sorrisos treinados...

segunda-feira, março 27, 2006

«Deverias não a conhecer e tê-la encontrado por toda a parte ao mesmo tempo, num hotel, numa rua, num comboio, num bar, num livro, num filme, dentro de ti, em ti, ao acaso do teu sexo erguido na noite que procura um lugar onde se meter, onde se libertar do choro que o enche.»
(Marguerite Duras)
«Depressa desistes, deixas de a procurar, nem na cidade, bem na noite, nem no dia.
No entanto, assim pudeste viver este amor da única maneira possível para ti, perdendo-o antes que acontecesse.»
(Marguerite Duras)

Resultado dos delírios megalómanos:

Invariavelmente, o internamento numa instituição psiquiátrica. :o/

Delírio megalómano (IV)

Achar que o meu coração é suficientemente elástico para receber o mundo todo e para que eu sinta a dor de todos.

Delírio megalómano (III)

Achar que o mundo seria um lugar melhor se pulsasse em cada peito o meu coração...

Delírio Megalómano (II)

Inquietar-me pelo facto de tanta gente neste mundo não ter um coração como o meu.

Delírio megalómano (I)

Pensar que doar o meu coração é o melhor que posso fazer pela humanidade.

Tenho que ler esta peça teatral...

UMA TARTARUGA CHAMADA DOSTOIEVSKI
(Une tortue nomée Dostoiëwsky)

Fernando Arrabal (1967)

sábado, março 25, 2006

Vem encontrar-te comigo aqui...

"Vê mais longe a gaivota que voa mais alto" (Richard Bach)

Escrever na terra...

Há fotos que ressaltam a nossa pequenez...

quinta-feira, março 23, 2006

A neve caindo sobre os cedros

""... se pudesse abraçar-te uma vez mais, partiria de vez sem nunca mais voltar a falar-te..."

Esse filme nessa madrugada foi um prelúdio do nosso reencontro num abraço...

terça-feira, março 21, 2006

Pedro Barroso na RTP1

Uma boa surpresa ouvir a televisão da minha mãe trazer o som da sua voz até mim, com as palavras do "Jardim de Poetas"...
Acho que chegou a altura de assumir a minha paixão platónica por este homem, pela sua emotividade e fragilidade...

" O Caminho do Leve" E.M. de Melo e Castro

Do Programa paralelo de dia 17 de Março constaram as seguintes performances:
Performance

"A Imensa Comunicação Oral"
E.M. de Melo e Castro

"Visão Visual Vocal"
Américo Rodrigues

"Usar Ousar"
Jorge Sequerra


Lembrei-me de apontar aqui o que vi nesse dia, já que hoje é dia de Poesia...
Foi a primeira vez que assisti a uma performance do E.M. de Melo e Castro, pois até aqui só conhecia alguns dos seus inúmero trabalhos e a sua biografia, sempre associada a uma imagem que retenho na mente de um poeta vanguardista, meio louco, meio génio... E inevitavelmente apaixonei-me... Adorei as interpretações vocais de Américo Rodrigues (Poeta sonoro, actor, encenador e programador cultural na cidade da Guarda, participou em seminários e sessões de improvisação musical com grandes artistas como Carlos Zíngaro, Catherine Jauniaux, Phil Minton, Shelley Hirsh e outros), de quem já ouvira outros trabalhos em CD (Escatologia, Trânsito Local Trânsito Vocal e Aorta Tocante), mas nunca as presenciara ao vivo: Impressionante! Para mim penso que ainda mais, tenho consciência do intenso trabalho inerente àquela plasticidade de sons diadococinéticos que se fundem numa panóplia exuberante de sons vocais verdadeiramente estonteantes!!!
O que desconheço da poesia angustia-me terrivelmente e sexta-feira passada senti isso bem de perto...

E por entre as cinzas dos dias, surgem as palavras que me comovem... OBRIGADA!

"A Poesia és Tu..."
"És a Amante das palavras..."
"És esse poema que emana paz e que dança em torno do paraíso que carregas no olhar"

Dia Mundial da Poesia


Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
(Alberto Caeiro)

domingo, março 19, 2006

3º Número da Revista Boca de Incêndio

Apresentação da revista por António Bento às 18 horas do dia 23 de Março no Café Concerto do Teatro Municipal da Guarda.

domingo, março 12, 2006

Observações (VI)

Hoje em dia, ter pena de nós próprios acaba por ser um sentimento galináceo perigoso para a saúde.

Ainda que hoje seja domingo...

Depois de um dia inteiro numa apatia medonha, o sol volta a brilhar!!!

sábado, março 11, 2006

Observações (V)

Ontem o meu irmão deliciou-se com um foie gras com uvas e outras esquisitices num restaurante requintado sobre o Douro... Enquanto eu devorava avidamente um pacote de batatas fritas e um Big Mac no carro antes de seguir para o Concerto da Ive Mendes... Estas diferenças encantam-me!!!

Observações (IV)

Continuo a pensar que, se é verdade isto dos cães reflectirem a personalidade dos donos, então eu sou dorminhoca, mal-cheirosa, mal-disposta, caprichosa, resmungona, histérica e hipocondríaca :o/

Concerto da Ive Mendes

O Cinema Batalha nem parece o mesmo... Fiquei absolutamente espantada com a mudança, eu que pus lá os pés a última vez para ver o Rei Leão, quando tinha cerca de 16 anos. Gostei de ver esse novo espaço modernizado.
O Concerto da Ive Mendes foi diferente, a simpatia da cantora, a voz meiga e os gestos excessivamente femininos de quem se vê como uma princesa de contos de fada à espera do princípe encantado (nisto assemelho-me a ela) e a presença de um rosto e corpo provocadores (nisto já as semelhanças não se aplicam...é verdade, fiquei a envejar-lhe as curvas...), associados ao ritmo e à voz daquela que é chamada a "Sade Brasileira", tornaram a noite num ambiente acolhedor, onde Amor era a palavra mais proferida pela cantora, decerto uma romântica em vias de extinção...

quinta-feira, março 09, 2006

Observações (III)

Estava a olhar para a foto da cadela Rottweiler de um amigo meu e para a minha cadelinha (já conhecida pelas mosquitas que costumam cá vir parar ao blog) e reparei o seguinte:
A Rottweiler apresentava um porte altivo e imperial e a minha cadela um ar estouvado e parvo... E depois lembrei-me que há quem diga que os cães reflectem a personalidade dos donos!!! :o/

Observações (II)

De facto, o comportamento animal e humano tem bastantes semelhanças, basta reparar nos jogos de olhares em situações de flirt e nos rituais de acasalamento da bicharada...

Sugestão: Leiam algo sobre sistema agonístico, sexual e vinculativo.

Que saudades das aulas de Etologia, já lá vão 10 anos :o(

Observações (I)

Não deixo de me surpreender com os comportamentos das pessoas enquanto conduzem... Sobretudo quando aguardam o sinal verde ou em filas de trânsito...

quarta-feira, março 08, 2006

Porque há paisagens que me preenchem...

O meu fascínio por pequenos grandes monstros...


Sublime (Zona Industrial do Porto)



quinta-feira, março 02, 2006

O mundo dos outros, é, tantas vezes, o nosso mundo...

«Ninguém suspeita. Ninguém suspeita. E eu não posso contar. Peço desculpa. Carrego um segredo que não posso revelar. Por isso caminho, concentro-me nos passos, no próprio caminho. Levo às costas o tal segredo. Outras vezes, meto-o no bolso ao pé do cordel dos poemas. E junto a uma pedra que hei-de atirar contra a morte. Por mim, a caminho de casa, passam os cadáveres.»

(Américo Rodrigues, Suspeitas e Segredos, in O mundo dos Outros)

quarta-feira, março 01, 2006

Amor Silêncio (Salette Tavares)

«Amor silêncio amargo a roçar-me a morte
grito partido do vidro sobre o peito
ilha deserta no meio das capitais do norte
grilhetas ajustadas no rio em que me deito.
Distância cumulada remanso duma espera
ponte de aventura do dois à unidade amor
brilho raiando a chave do desejo
minuto adormecido ao pé da eternidade.
Amor tempo suspenso, ó lânguido receio,
no pranto do meu canto és a presença forte
estame estremecido dissimulado anseio
amor milagre gesto incandescente porte.
Amor olhos perdidos a riscar desenhos
em largo movimento o espaço circular
amor segundo breve, lanceta, tempo eterno
no rápido castigo da lua a gotejar.»
(Salette Tavares)

Ruizinho, é este o texto completo que te falei ontem... :o)

«Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.»
(Mateus 6: 26-34)

Match Point- finalmente...

Woody Allen surpreende com este filme dramático, onde o acaso e o comportamento humano têm papéis fortíssimos no desenrolar da estória... Deliciosas semelhanças com Crime e Castigo deslumbram ainda mais o espectador. Apenas que, desta vez, e ao contrário do que acontece no livro de Dostoievski, a personagem prossegue sem castigo... Ou se calhar, acaba por receber o pior castigo de todos, aquele a que Raskolnikov não conseguiu escapar, o do terror místico da culpa, como uma assombração permanente...
Extraordinária interpretação de Rhys Meyers, cujo olhar transporta em si mesmo a ambição desmedida, mas também implora à compaixão, já que somos todos tão basicamente humanos que nos revemos em muitos dos seus actos, na sua luta pela sobrevivência, tão mesquinha, mas tão tragicamente comum... E nele vemos também o que de mais linear existe numa paixão (ou no desejo, como a própria personagem refere) e que conduz a tantas loucuras e se revela um caminho tão despido após a sofreguidão animalesca com que se consome...
Risível a cada momento, embora trágico, o filme reporta-nos a um mundo real onde a sorte, esse caos inacessível, dita alguns dos caminhos...

O Douro ao fim da tarde... Ao som de Chet Baker